A Regeneração Batismal

Regeneração Batismal

A regeneração batismal é a crença de que o batismo é necessário para a salvação ou que, mais precisamente, a regeneração não ocorre até que uma pessoa seja batizada na água. A regeneração batismal é um crença de inúmeras denominações cristãs, mas é mais vigorosamente promovida por igrejas do Movimento da Restauração, especificamente a Igreja de Cristo e a Igreja Internacional de Cristo.

Os defensores da regeneração batismal apontam a certos versículos bíblicos (ex: Marcos 16:16, João 3:5, Atos 2:38, Atos 22:16, Gálatas 3:27 e 1 Pedro 3:21) como apoio bíblico. E, é verdade, esses versículos parecem indicar que o batismo é necessário para a salvação. No entanto, existem interpretações bíblica e contextualmente sólidas desses versículos que não suportam a regeneração batismal.Muitos têm sido aqueles que, ao longo da história, têm deturpado a verdade do Evangelho, tentando levar outros a acreditar que a salvação pode ser obtida através de um ato meramente humano. A Regeneração Batismal é a doutrina que defende essa perspectiva de salvação e é sobre ela que iremos refletir aqui. Ressalva-se, porém, que o presente estudo não possui a ambição de constituir um tratado sobre o assunto. O que se procura nestas poucas páginas é oferecer uma perspectiva geral sobre o assunto, à luz da Palavra de Deus, pois ela, e só ela, deve ser a base de todas as nossas doutrinas.

Regeneração Batismal- em que consiste

Regeneração Batismal é a doutrina que defende a necessidade do batismo nas águas para obter o perdão dos pecados. Para os que defendem esta doutrina, o batismo marca o momento em que o indivíduo nasce de novo ou é incorporado no corpo de Cristo e é geralmente associado ao nascimento espiritual de uma pessoa, ao rito pelo qual a pessoa se torna crente.

Denominações que a sustentam

Esta é uma doutrina que surge geralmente associada à Igreja Católica. No entanto, são várias as denominações que a defendem, chegando mesmo a contar-se entre elas denominações que se dizem evangélicas.

O Concílio de Trento (1545 – 63) estabeleceu que a causa instrumental da justificação/regeneração era o sacramento do batismo. Mais ainda, decretou que todo aquele que dissesse que o batismo não era necessário para a salvação fosse anátema. Estes dogmas foram reiterados pelo Catecismo da Igreja Católica em todo o mundo, no ano de 1993, catecismo que ainda hoje vigora. A Igreja Católica declara que aqueles que nela são batizados estão libertos de seus pecados e são novas criaturas, filhos de Deus e membros da verdadeira Igreja. Nesta ordem de idéias, qualquer bebê poderá ser considerado uma nova criatura, um filho de Deus, com seus pecados perdoados e a salvação pode, portanto, ser obtida por intermédio de outras pessoas, visto que são os pais das crianças que prometem, pelos filhos, guardar os mandamentos de Deus. Poderão promessas fictícias estar relacionadas com um novo nascimento? Que Deus seria esse, que aceita tais promessas e, como resultado, regenera uma criança?

A Igreja Católica não é, porém, a única denominação a defender a Regeneração Batismal. Muitos são os grupos que consideram o ritual do batismo como um ponto fulcral na resposta à fórmula "O que é preciso para ser salvo", levando a crer que a salvação depende de um mero ato mecânico, feito por mãos de homens.

A Igreja de Inglaterra, por exemplo, é ainda hoje uma das grandes defensoras desta doutrina, contra a qual veementemente se insurgiu Charles Spurgeon, em seu sermão sobre a matéria. A uma denominação que diz que o batismo salva a alma, diz o pregador, "fora com ela, fora com ela, pois sustenta o que Deus nunca disse, o que a Bíblia nunca mostra".

Outra das denominações que ensinam a Regeneração Batismal é o Mormonismo. Em seus livros doutrinários consta o seguinte: "Na verdade, na verdade, vos digo que quem não crer nas vossas palavras e não for batizado nas águas em meu nome, para remissão de pecados e a fim de receberem o Espírito Santo, serão condenados e não entrarão no Reino de meu Pai, onde eu e meu Pai estamos."

•             Atos 10:38

"Pedro então lhes respondeu: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo."

Este é dos versículos mais usados pelos grupos que defendem que o batismo tem um papel importante na salvação do homem. Mas o versículo pode, de fato, confirmar isso? A Versão Revisada da Tradução de João Ferreira de Almeida, de acordo com os melhores textos originais, pelo emprego das vírgulas, dá a idéia de que o conjunto "e seja batizado em nome de Cristo" trata de uma oração intercalar e que, portanto, segundo as normas gramaticais, não poderá estar diretamente relacionada com a oração seguinte – "para remissão de pecados". 

Não esqueçamos, ainda, que a Palavra de Deus é divinamente inspirada e, como tal, não pode contradizer-se a si mesma. Podemos ver, noutras passagens, que aqueles sobre quem desceu já o Espírito Santo são novas criaturas, independentemente de serem ou não batizadas nas águas. É o caso, por exemplo, do centurião Cornélio. Atos 10:47 mostra-nos claramente que Cornélio, bem como os que estavam com ele, receberam o Espírito Santo antes de serem batizados nas águas: "Pode alguém porventura recusar a água para que não sejam batizados estes que também, como nós, receberam o Espírito Santo?" Poderemos nós dizer que Cornélio não era salvo antes de ser batizado? Sustentar isso é dizer que Deus enche pessoas não salvas, ou seja, "filhos do Diabo" (I João 3:10) com o Santo Espírito! Isto não pode ser aceite por quem estuda seriamente a Bíblia. De acordo com Atos 2:38, recebe-se o perdão dos pecados antes da dádiva do Espírito Santo. Se Cornélio recebeu o Espírito Santo antes do batismo, logo, os seus pecados foram perdoados antes do batismo. Por outras palavras, se A vem antes de B, e B antes de C, então A vem antes de C. O perdão dos pecados vem antes do Espírito Santo (Atos 2:38); o Espírito Santo vem antes do batismo (Atos 10:45-48). Logo, o perdão dos pecados vem antes do batismo e este a ninguém poderá salvar.

•             Gálatas 3:27

"Porque todos quantos fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo."

Antes de mais, é necessário esclarecer que a Bíblia nos fala de vários batismos (Hebreus 6:2). Nem todo o batismo se refere, portanto, ao batismo nas águas. O versículo aqui apontado não se refere a ele. Como, porém somos nós batizados em Cristo? Podemos encontrar a resposta no versículo 13 de I Coríntios 12: "Porque em um só Espírito fomos todos nós batizados em um só corpo..." Não é pela água que somos batizados em um só corpo, mas "em um Espírito" (vd também Tito 3:5). Este batismo no corpo de Cristo ocorre no momento em que uma pessoa se arrepende perante Deus e confia em Jesus (Atos 20:21).

•             João 3:5

"Jesus respondeu: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus."

Numa primeira análise, poderíamos ser levados a pensar que este versículo sustenta uma relação direta entre batismo e salvação. Não podemos esquecer, porém, que a Bíblia não pode ser interpretada por versículos isolados, a fim de sustentar doutrinas elaboradas por homens. A Palavra de Deus é um todo harmonioso e, como dissemos já, sem contradições. Se atentarmos para o versículo 26 de Efésios 5, logo veremos que a palavra "água" é associada a Palavra de Deus: "...tendo-a purificado com a lavagem da água, pela palavra". Não há dúvidas de que a Palavra de Deus é o instrumento para que um indivíduo seja salvo: "...a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo." (Romanos 10:17)

•             Marcos 16:16

"Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado."

Pode este versículo provar a necessidade do batismo para a salvação? Muitos, separando a primeira parte do versículo, sustentam que sim. Mas analisemo-lo com atenção. Em primeiro lugar, devemos notar que este versículo se refere a apenas dois tipos de pessoas: as que crêem e são batizadas e as que não crêem. O versículo não se refere aos que crêem e ainda não são batizados. Em contrapartida, João 6:47 ensina: "Aquele que crê tem a vida eterna." Não pode haver dúvidas quanto ao requisito para a salvação: a fé em Jesus Cristo. Outros versículos poderiam ainda ser apontados, tais como João 3:15 ou Atos 16:31. Se insistirmos apenas na primeira parte do versículo de Marcos 16:16, teremos que ignorar os outros três versículos apontados.

O que realmente salva

Antes de prosseguirmos, atentemos para o que diz o apóstolo Paulo acerca do seu ministério, em I Coríntios 1:17: "Porque Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar o evangelho..."

Paulo foi enviado para pregar o Evangelho, o que realmente salva (vd I Coríntios 15:1-2). O Evangelho, portanto, não residia nas águas batismais. E iria Cristo ordenar a Paulo que pregasse um Evangelho incompleto? De modo nenhum! Eis as palavras de Jesus dirigidas a Paulo, no momento em que lhe apareceu: "...levanta-te e põe-te em pé; pois para isto te apareci, para te fazer ministro e testemunha tanto das coisas em que me tens visto como daquelas em que te hei de aparecer; livrando-te deste povo e dos gentios, aos quais te envio, para lhes abrir os olhos a fim de que se convertam das trevas à luz, e do poder de Satanás a Deus, para que recebam remissão de pecados e herança entre aqueles que são santificados pela fé em mim." (Atos 26:16-18) Foi para isto que Cristo enviou Paulo, para que outros pudessem receber a remissão de pecados. E a remissão de pecados, como podemos ver, não consiste em nenhum cato humano de batismo, mas sim numa conversão, baseada na fé em Jesus Cristo apenas. Romanos 3:22 declara que a justiça de Deus vem pela fé em Jesus Cristo para todos os que crêem, para todos os que CRÊEM. Não podemos misturar fé e obras. O batismo pelas águas é uma obra humana. A salvação vem da graça! (Efésios 2:8-9) Se o batismo é essencial para a salvação, estamos a fazer depender essa salvação de obras. Confiar 99% em Cristo e 1% em obras é o mesmo que depositar toda a confiança nelas, o que é desastroso e profundamente entristecedor. O único meio para evitar que passemos a eternidade longe de Deus é DEPOSITAR TODA (100%) 

A NOSSA CONFIANÇA NO SENHOR JESUS CRISTO.

"Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, mas sim pela fé em Cristo Jesus, temos também crido em Jesus Cristo para sermos justificados pela fé em Cristo, e não por obras da lei; pois por obras da lei nenhuma carne será justificada." Gálatas 2:16

A importância do batismo

Qual é, então, a importância do batismo? Vimos que, para a salvação do homem, ela é nula, mas, para um crente regenerado, ele é de suma importância. É semelhante ao privilégio e dever de votar de qualquer cidadão que atinge a maioridade. O batismo é dever de todo o cidadão dos céus, crente verdadeiro, que entregou, pela fé, a sua vida a Jesus Cristo. Assim como aquele que participa de um cato eleitoral revela que já atingiu a maioridade, assim também aquele que desce às águas do batismo demonstra que é uma nova criatura, pelo poder de Deus. O batismo é um mandamento de Cristo que deve ser seguido por todos os que já são salvos. Não é um cato de salvação, mas, sim, uma conseqüência da salvação. Ele simboliza a identificação do crente com Cristo na Sua morte e Sua ressurreição: "Ou, porventura, ignorais que todos quantos fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com Ele pelo batismo na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida." (Romanos 6:3-4) O batismo representa também a lavagem dos pecados pelo sangue de Cristo (Apocalipse 1:5). Por que motivo haveria um crente obediente rejeitar um mandamento do Senhor Jesus e perder a maravilhosa oportunidade de dar testemunho público daquilo que mudou a sua vida? Assim como o sábado foi feito por causa do homem, para seu proveito, e não o homem por causa do sábado, assim também o batismo. O batismo a ninguém pode salvar (E ai de todos aqueles que estão a depositar nele a sua confiança para remissão de pecados!), mas é um privilégio de todo aquele que foi lavado pelo sangue de Cristo.

Conclusão

Ora, a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus (Romanos 10:17). Se somos novas criaturas em Cristo, andemos, portanto, em novidade de vida (Romanos 6:4), bem arraigados e fortificados no Senhor Jesus Cristo, Nosso Salvador. Tenhamos cuidado "para que ninguém nos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs subtilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo." (Colossenses 2:8) Rejeitemos, pois, toda a doutrina que, tal como aquela aqui apresentada, perverte a verdade do Evangelho. Não devemos esquecer, porém, que existem também pessoas sinceras a acreditar nesta mentira, por terem durante todas as suas vidas ouvido esta doutrina errada. A elas devemos amar (bem como aos outros!) e devemos sentir o peso da responsabilidade em levar-lhes o Evangelho tal como ele é apresentado nas Sagradas Escrituras, para glória de Deus e salvação de almas.